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Escorpiões Região de Campinas Acidentes
Ataques de escorpiões crescem 46% e apavoram moradores de Campinas

Fonte: Bianca Velloso/ bianca.velloso@rac.com.br 01Mar2023 (Correio Popular)

 

Aumento da temperatura e sujeira favorecem os acidentes com esses animais

 

Imagem: Moradora do bairro Ponte Preta, aplica veneno no chão de casa toda a semana (Fonte: Kamá Ribeiro)

 

Os casos de picadas de escorpiões aumentaram 46% em um ano em Campinas, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde. Em 2021, foram 386 acidentes contra 563 no ano passado. Nos dois primeiros meses deste ano foram registradas 66 picadas. Já no Estado de São Paulo, o aumento foi de 22%, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), que emitiu um alerta estadual chamando a atenção para medidas preventivas. Especialistas apontam o aumento das temperaturas e sujeira como principais fatores para essa alta nos acidentes com escorpiões.

 

A professora do curso de Biologia da Pontifícia Universidade de Campinas (PUC-Campinas), Monica Oliveira Pinto, explica que as altas temperaturas e o clima úmido do verão acabam favorecendo a procriação dos escorpiões. “O aumento ocorre no verão porque é a época de reprodução desses animais, eles se reproduzem com bastante facilidade”, explica.

 

Além disso, a professora aponta que a degradação do ambiente também é um fator que impulsiona esse aumento. “O aumento do número de picadas de escorpiões se deve ao fato de os escorpiões estarem vindo para as nossas residências. Porque, nós estamos, infelizmente, degradando o local de habitat deles. Então eles acabam invadindo áreas residenciais”, disse Monica.

 

O médico infectologista André Ricardo Ribas Freitas disse que, além das temperaturas altas, o saneamento básico também influencia nesse aumento. “As condições de saneamento, piorando ou não estando muito adequadas, favorecem a proliferação dos escorpiões”, disse o médico que afirmou que as áreas urbanas estão se tornando ambientes adequados para a reprodução dos escorpiões e também o aumento de presas deles, como baratas, nesses ambientes favorece o aparecimento de escorpiões.

 

Freitas disse que a população acaba se expondo mais aos escorpiões. “As pessoas, as famílias, se expõem mais aos escorpiões saindo para o meio ambiente. Então acaba sendo uma causa no aumento no número de ataques nos momentos mais quentes”.

 

A professora de Biologia na PUC-Campinas, Monica Oliveira Pinto, explica que na região de Campinas, existem dois tipos de escorpiões, sendo um deles o mais perigoso. “Na nossa região temos dois tipos de escorpiões bem comuns, popularmente chamados de escorpião amarelo e o marrom. O mais perigoso é o amarelo, ele aparece com muita frequência, por conta do desmatamento”, explicou.

 

A professora disse que, por serem animais de hábitos noturnos, durante o dia eles podem estar escondidos nas casas. “Tem que tomar muito cuidado. Eles são indivíduos de hábitos noturnos. Então, durante o dia eles estão escondidos dentro de uma peça de roupa de um sapato”, alertou.

 

A pediatra do Departamento Científico de Pediatria da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) Tânia Quintella apontou os locais que os escorpiões se escondem. “Os escorpiões proliferam nas frestas das pedras, barrancos, em paredes e muros mal rebocados, madeira empilhada, entulhos, ralos e forros. Eles gostam muito da umidade e alimentam-se de insetos, principalmente baratas. Assim a prevenção é manter esses locais limpos”, aconselhou.

 

Prevenção

 

A professora de Biologia na PUC-Campinas Monica Oliveira Pinto aconselha que as portas devem ser bem vedadas, bem como ralos. “Indicamos fechar bem a porta e fechar os ralos, porque eles podem subir pelas frestas. Tem alguns venenos que combatem, mas não existe um veneno específico para matar escorpião. A orientação é sempre tomar providências. Deixar o ambiente sempre limpo, fechar as janelas e as portas”, disse.

 

“Se a pessoa tiver entulhos em casa ou tiver uma garagem cheia de entulhos, madeira e papelão, isso também é um local de esconderijo para o escorpião. Por isso, devemos manter o ambiente limpo, porque durante a noite ele sai para se alimentar, reproduzir e picar, enquanto durante o dia ele está escondido”, contou Monica.

 

A professora de Biologia da PUC-Campinas explicou que as galinhas não são tão eficientes no combate contra escorpiões, como são popularmente conhecidas. “Muitas pessoas utilizam a galinha para comer o escorpião. Mas se você for analisar o escorpião, nós sabemos que eles são indivíduos de hábitos noturnos e a galinha é um indivíduo de hábitos diurnos. Então a galinha come se aparecer, mas o ideal é ter um roedor para comer”, orientou.

 

Moradores do bairro Ponte Preta, bairro que, segundo os moradores locais, é comum encontrar esses animais, adotam medidas para prevenir que sejam picados. Maria Inês da Costa, aposentada de 71 anos, disse que aplica veneno no chão de casa toda a semana. “Depois que comecei a passar, diminuiu um pouco”, contou. Maria disse que além de escorpião, ela está vendo bastante gambás no bairro, mas ela não está incomodada com eles. “Estou gostando dos gambás, porque eles comem escorpiões”, disse com alívio e sorriso no rosto.

 

O técnico em informática Luciano Nogueira, de 44 anos, que mora no bairro desde que nasceu, disse que, embora nunca tenha sido picado, esse é um medo que ele tem constantemente. “Passamos a fechar todos os ralos e colocar panos embaixo da porta para eles não entrarem em casa de noite. Eliminamos as baratas também, porque elas comem baratas. Quando temos que ir ao banheiro de madrugada, já ligamos a luz e ficamos procurando no chão para ver se tem o bichinho lá “, relatou.

 

Nogueira destaca outro fator que contribui para o aumento dos escorpiões. “Inclusive, em volta daqui de casa têm muitas casas abandonadas e que não recebem a devida manutenção, o que aumenta a minha preocupação, porque é criadouro. Os próprios vizinhos fazem esse movimento de descartar o entulho”, disse o técnico de informática preocupado. “A gente é meio que especializado em escorpião. Aparece muito e a gente acaba estudando os hábitos dos bichos para prevenir”, contou Nogueira.

 

Em nota, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) informou que tem intensificado o trabalho de orientação à população que procura o serviço pelo telefone 156. Os agentes de saúde atuam nas comunidades orientando os moradores.

 

Segundo o Devisa, os escorpiões vivem nos esgotos e, nesta época de chuvas intensas, saem em busca de abrigo nas residências. Por essa razão, o departamento recomenda a vedação dos acessos por onde os escorpiões conseguem entrar nos imóveis. A implantação de barreiras físicas são as mais indicadas para evitar acidentes.

 

MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA ESCORPIÕES

 

✔ vedar ralos de esgotos, optando pelos tipo abre e fecha ou colocando telas finas para evitar entrada dos escorpiões;

 

✔ colocar trilhos de borracha, silicone ou mesmo de espuma/tecidos nas portas;

 

✔ vedar interruptores por onde passa a fiação elétrica, mantendo os espelhos de luz bem ajustados e, se necessário, colados com silicone;

 

✔ vedar caixas de gordura;

 

✔ evitar acúmulo de materiais, como madeiras e recicláveis, nos ambientes, pois podem servir de abrigo aos escorpiões;

 

✔ sempre inspecionar toalhas de banho, sapatos e roupas antes de vestir;

 

✔ se possível, manter camas e colchões afastados das paredes e sempre observar as roupas de cama antes de deitar, pois escorpiões podem se alojar nestes locais;

 

✔ em caso de picadas/acidentes com escorpiões, a pessoa deve ser levada imediatamente ao serviço de saúde mais próximo.

 

Fonte: Devisa

 

Picada provoca dores intensas, alertam especialistas

 

Quando uma pessoa é picada, dores intensas e náuseas são os sintomas, como explicam especialistas. Em alguns casos, a picada pode levar ao óbito. A recomendação dos especialistas é levar a pessoa picada imediatamente ao hospital. “Se você for picado, é indicado correr para o posto de saúde mais próximo. Não é indicado chupar o local ou cortar, como muitas pessoas fazem”, alertou a professora de Biologia da PUC-Campinas Monica Oliveira Pinto.

 

Ela orientou também para que, se possível, levar o animal que picou em um pote, para que ele seja identificado, ajudando a direcionar o tratamento. “Se possível, leve o escorpião com o máximo de cuidado dentro de um vidro fechado, para saber qual o tipo de escorpião e, consequentemente, o medicamento. Hoje existe o soro antiescorpiônico, que é ministrado na pessoa”, explicou. Segundo informações da Secretaria de Saúde de Campinas, o soro antiescorpiônico pode ser encontrado no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC da Unicamp) e no Hospital Ouro Verde.

 

O infectologista André Ricardo Ribas Freitas aconselhou a lavar o local da picada, para remover bactérias, mas isso não exclui a necessidade de buscar ajuda médica. Freitas explicou o tratamento. “Na maior parte dos casos, o tratamento é fundamentalmente analgesia. Então o paciente vai ter uma dor muito intensa, e quando ele vai ao hospital ele vai receber um anestésico local, um analgésico para controle da dor. Agora, algumas formas mais graves em pacientes que têm sintomas sistêmicos, nestes casos, vão precisar de um tratamento específico que inclui o soro antiescorpiônico”, alertou.

 

Por essa razão, Freitas disse que é fundamental que as pessoas sempre procurem o serviço de saúde, dessa forma é possível que a pessoa seja atendida e avaliada adequadamente. “Crianças e idosos em especial precisam ter muito cuidado e são pacientes que têm risco maior de gravidade”, observou.

 

A pediatra do Departamento Científico de Pediatria da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) Tânia Quintella explica o motivo de as crianças desenvolverem quadros mais graves, quando picadas por escorpiões. “Elas têm o sistema de defesa, assim como todo o organismo, ainda em crescimento. A quantidade de veneno será maior proporcionalmente no corpo da criança. Crianças de 0 a 9 anos são do grupo de risco. Por serem menores, o veneno se espalha mais rápido”, explicou.

 

Fonte: Bianca Velloso/ bianca.velloso@rac.com.br 01Mar2023 (Correio Popular)

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